Rerbrek, o Ruivo  

Posted by Harijan D



Ao meio dia, o sol batia no topo da sua cabeça, criando uma verdadeira tocha de seus curtos cabelos. Sua armadura, não tão vermelha assim, trazia consigo runas estranhas e adornos de crânios que pareciam incrustados à força, envolvendo seu corpo num lacre metálico de difícil acesso para armas gentis. Não soprava ar de seus pulmões, pois corria com tanto vigor que fazia questão de não desperdiçar um suspiro. Balançava sua espada em um arco que fez daquele pobre e franzino ser, duas peças postas de carne pra qualquer besta carnívora com apetite moderado. A ação durou tanto quanto um estalar de dedos.
Em meio aos restos ensaguentandos que lustravam sua armadura, revirou as tripas até achar um cordão dourado, partido em dois graças a sua falta de requinte em atacar seres que lhe parecem perigosos.

Apesar de franzino, o cadáver, quando vivo, não era nada perigoso. Nada, porque quando vivo jamais algo ou alguém havia-o superado em tal quesito. Até Rerbrek conseguir chegar em sua torre. Em seu tempo como um membro da população do planeta, o agora divido ao chão, fora um dos magos mais temíveis daquele local. Aprendiz de Tebarkatel Fogo Azul, instalara uma verdadeira opressão de horror nas redondezas do local onde agora jazia sua cova rasa. É dito, que matava cerca de dez determinados aventureiros por mês, cada qual sofrendo de uma morte mais agonizante e terrível que a outra, para servir de exemplo ao próximo que assim tentasse, mas o efeito era inverso. Quanto mais matava ou prendia as almas dos, não tão suficientemente fortes, guerreiros e aspirantes a heróis, mais chovia em seu quintal espadas brandidas e magias evocadas. Era necessário usar pelo menos dois adjetivos de grandiosidade juntos para definir a altura de onde residia sua torre, escolhida propiciamente para evitar qualquer convidado indesejado, que no fim também não servira pra nada, sempre havia um mais versado nas tarefas físicas que outro. Os que careciam de força supriam em técnica e equipamento, ou quaisquer outros artifício mágicos para tal. O mesmo aplicava-se à enorme porta de Chumbo Crakciano que tanto reforçava, e que resolveu até evitar que os vermes de sempre a arrombassem e estragassem o trabalho tão exímio de lacrá-la magicamente, saindo antes mesmo dos heróis chegarem à borda de seu jardim. Ah o jardim... à beira de sua porta, num platô que dificilmente alguém ousaria calcular a altura. Perdia-se de vista na subida e na descida. Os aventureiros que ali chegavam, eram dizimados que nem pó, viravam adubo, ou figura decorativa. Alguns viajantes de barcos aéreos chegaram a presenciar cenas impressionantemente alegóricas de luzes e efeitos da realidade deturpando-se em prol da destruição alheia, um erro, uma vez que nunca satisfeitos com a distância, encontravam a mesma fatalidade dos observados pela ira do mago cruel, que há muito, perdera a paciência com curiosos, mas que no fundo, gostava mesmo era de se exibir, admitia.

O nome do que será lembrado como um mago cruel era Foz Ezuberrim. Encontrou sua morte na porta de casa, quando encontrou pela primeira vez na vida, alguém imune aos seus estudos. Anos e anos, talvez até um século ou mais, tratando de desvendar segredos guardados a dezessete chaves ou mais pela Universidade Secreta, agora voltavam aos seus devidos locais que jamais deviam ter sido violados. Sua perplexidade ao descobrir que era tão inútil quanto uma barata a um chinelo iniciou-se com uma chuva tão exorbitante de pedras incandescente azuis caindo dos céus, ensinadas a contragosto por seu antigo mestre, evocadas graças à visão de um homem que era o antônimo de franzino e inseguro, dono de um olhar capaz de fazer um tigre ficar estéril e uma espada equiparada a uma enorme extintora de alguma raça de besta gigante.
O queixo do mago quase tocou o pé da montanha que adotara como lar, quando aquele ruivo, sem nem sequer um cabelo queimado, pulou como um gato poucos centímetros à sua frente das estupidas colisões mágicas, entoando palavras que, naquele instante, ribombavam em seu peito como os sinos da própria Morte. Dizeres que ecoariam em toda a sua eternidade:
- O colar, dá!
- Co-co-co... medalhão? - retorquiu o mago, numa voz que agora o elevava ao posto mais alto dos medrosos de Feldurun.
- AGORA!
Reagindo da mesma forma que um coelho reagiria ao perceber o lobo bem na sua frente, depois de gabar-se de uma bela coitada, virou o corpo com tanta insegurança em direção à sua torre, que nem teve tempo de sentir a dor daquele metal separando tudo que havia de par em seu corpo, e o que não também...

Rerbrek olhou para quele imenso portão de Chumbo Crakciano. Então olhou pro medalhão na sua mão, torceu a boca em sinal de desconforto só de pensar no esforço pra abrir aquela porta, e se valeria a pena o risco de acabar com seus dias de mercenário-aventureiro-matador-de-magos-malígnos-ou-não, por conta do perigo de invadir a torre de um mago, ou se iria embora e daria por satisfeito com aquela recente aquisição. Pensou algumas vezes. O sol se pôs... E pulou montanha abaixo, feliz de saber que agora, além de imune à magia, nenhum tipo de Wyrm seria corajoso o suficiente de contrariar suas ordens.

This entry was posted on fevereiro 24, 2010 at quarta-feira, fevereiro 24, 2010 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

3 comentários

Malditos Ruivos!

26 de fevereiro de 2010 às 03:38

Mlk, ainda bem que você está virando macho e começando a construir o mundo fora de Lumina! NADA é mais maneiro do que aventureiros, que assassinam magos e outros feiticeiros que estão em paz, apenas por seus tesouros!

ASSASSINOS!

2 de março de 2010 às 10:29
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
22 de março de 2010 às 19:19

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