Sapo, guerreiro, monge, político?  

Posted by Harijan D

Caro Devarenir d'Sossobriandis

Sinto pelo meu sumiço repentino, mas não pude evitar. Há tempos venho comentando sobre os relatos que busco sobre o tal Quoig, que muito famoso ficou durante sua estadia em nossa cidade. Pois bem, meu assistente prontificou-se em alegrar-me com uma notícia e tanto, uma passagem (de última e urgente hora) em uma embarcação aérea. Confesso que sair assim, tão rápido sem nem tempo para mandar-lhe um Avograma pode parecer mentira, mas não espero que ache menos absurdo eu dizer que aqui não há nenhuma Ave Azul para isso. Sei que sua preocupação agora, deve ter feito sua enferma condição nas partes de sentar eclodirem, mas pegue uma almofada e acalme-se, estou em segurança, e melhor, no caminho de volta para nossa Gigápole. Escreverei rápido, pois não quero estragar as melhores partes em letras tortas, mas sim amaciar sua debilitação.


Bem, vamos ao que interessa:

Kwon


Este Quoig nasceu na Cidadela do Miuncus, porém, não passou muito tempo de sua infância nela, e tão pouco da adolescência. Possui uma história de vida um tanto quanto intrigante, e por demais interessante. Em minhas buscas por relatos deste sujeito, que tem sua passagem em nossa cidade muito bem marcada para quem possui olhos e ouvidos atentos, encontrei pouco a seu respeito, porém, suficiente para explanar um pouco sobre si.
Uma coisa é certa; e para confirmar tal certeza, tive de investigar em muitos documentos, até mesmo a fazer uma viagem à Cidadela do Miuncus (sim, é de onde estou saindo agora, e inteiro!) para descobrir a verdadeira história, e apesar de ter encontrado mais versões diferentes sobre os mesmos fatos, fui bem aventurado em ter achado, sem procurar, um dito familiar de Kwon, que de fato possuía características parecidas com o tal; era um sujeito honesto.

Foi me dito, que desde pequeno ele fora dotado de um espírito forte e incontrolável, com agressividade exorbitante que pasmava a todos em seu bairro natal (nota importante: os Quoigs utilizam demarcações geográficas iguais às nossas). Era muito rebelde, não era um exemplar seguidor de regras, e por confiar demais em suas próprias capacidades, não gostava de ser ajudado, nem pelos seus pais.
Antes da morte misteriosa destes, saiu em uma viagem pelo mundo, da qual para muitos, fora considerado um seqüestro ou possível morte forjada pelos seus parentes, pois ambas as famílias, de pai e de mãe, precedem de linhagens famosas e respeitadas de políticos aqui em sua terra natal. Isto antes dele completar doze anos.

Sua jornada passa como um mistério para o mundo, da qual nunca ninguém soube seus verdadeiros motivos, sendo estes guardados por ele à sete chaves. Ainda criança, chegou a um Monte Ajrûn, do qual nunca ouvi falar, e recebeu treinamento de um monge chamado Harâma, em algum tipo de templo sagrado. Sobreviveu a todos os treinamentos, inclusive voltando com méritos de um tal Teste do Oposto. Por algum motivo, também desconhecido, não fora consagrado com o título maior deste templo, tendo seu treinamento interrompido. Jamais ouvi falar de tal templo e local. Necessito de seus dotes em conhecimentos geográficos para descobrirmos onde se situa, e mais, sobre estes, até então, desconhecidos monges. A passagem que narra sua viagem de volta à sua terra natal também é um mistério, porém é sabido que se tornara um exímio combatente, e ganhando o título de Músculo de Aço, obtido apenas nas arenas mais perigosas das terras incivilizadas, os chamados Cercos de Sangue. Curioso comentar, que tais participantes de tais rixas não são em sua maioria seres pensantes, como nós, humanos, nem muito menos livres, como Kwon supostamente era. São escravos, que por sua vez, dividem e competem pela vida com monstros de todos os tipos, uma festa para a mais exigente mente sádica e carniceira. No entanto, não há registro de Kwon se tornar um escravo, mas sim, ganho uma fama arrebatadora, tendo ganho diversos títulos em diversas modalidades, até como Campeão Felduriano (o que muitos chamam de campeão mundial, porém que se restringe apenas às áreas conhecidas onde encontram-se e realizam-se tais arenas ao longo do continente).

Ao voltar para seu lar, estabeleceu família com uma Quoig que conhecera na festa de sua chegada, ou como os Quöigs chamam, fesmícios, uma mistura de festa com comício. De fato as Qüoigs não são NADA bonitas. Como disse antes, sua família possui um histórico político, e não era pouco, pois um de seus tios, o mais próximo dele, exercia o cargo de prefeito menor, sendo responsável por todo um bairro. Não era flor que se cheirasse, mas comparado a outros Qüoigs, era considerado um político bom demais, e nada melhor para levantar sua moral, do que um fesmício em comemoração à volta de Kwon. O engraçado, é que quase ninguém se lembrava mais dele.

Kwon teve dois filhos, um sapinho e uma sapinha. Não consegui informações sobre os nomes deles, o tal parente não quis me contar, mas não forcei, pois o que vou narrar em seguida revela o motivo de tal discrição.
Quando seus filhos completaram cerca de 10 anos cada, o tio de Kwon morrera misteriosamente. O fato ganhou repercussão em toda a Cidadela, pois ele havia anunciado algumas semanas antes em alguns Fesmício, que passaria o cargo, exercido por ele até então, para Kwon, ou para um primo de Kwon, muito conhecido na Cidadela de Miuncus, chamado Lombrunj.
O que mais me chocou, foi descobrir que o próprio Lombrunj ajudou na investigação da morte do tio, e todas as evidências apontavam para ninguém menos que o próprio Kwon.
A partir daqui, poderia eu ocupar prateleiras de livros narrando às diferentes histórias de como tudo isso aconteceu e seus motivos, tantos foram os relatos por minha pessoa ouvidos (com paciência sobre humana eu diria). De fato foram muitos, mas novamente confiei apenas em um, e acho que não preciso repetir de quem foi... Continuemos. Kown, abismado, tomou uma atitude drástica e foi tirar satisfações com seu primo, fora levado a interrogatório antes mesmo de encontrá-lo, o que segundo o narrador, acendeu a centelha inicial de raiva em Kwon. Em seu interrogatório, os detetives acusaram-no incessantemente (uma nota importante, na sociedade Quöig, detetives não apenas fazem as investigações e apreensões, mas também participam ativamente do julgamento), e mesmo Kwon negando tudo, não quis advogado de defesa para seu julgamento. Da sessão, muitos contemplaram sua condenação à prisão perpétua numa Bolhitária (a solitária dos Quoigs), que abalou ainda mais Kwon quando presenciou as principais evidências de seu crime não cometido, levadas à júri por ninguém menos que Lombrunj.
A raiva de Kwon fora tão intensa que, descontrolando-se na frente de todos, quebrou suas algemas e espancou o próprio primo. Este pouco antes de perder a consciência, sua aparência e por pouco a vida, conseguira acusar Kwon de ser um sujeito perigoso, incontrolável e insano. Infelizmente, Kwon deu motivos bem visuais para as acusações tornarem-se verdade aos ouvidos de seu povo, e fora imediatamente condenado à morte.
Seus filhos seriam mandados para o lar de seu primo, o que Kwon tinha toda a certeza de que significaria a morte para eles, ou algo muito pior... Fora contido e levado para a Bolhitária até a hora de sua execução, mas para o espanto geral de sua nação, fugira!
Ninguém nunca, até então, fugira de tal prisão, pois elas são situadas nas mais longínquas e submersas partes dos seus pântanos gigantes.
Ninguém soube mais nada a respeito de Kwon a partir disso na Cidadela de Miuncus. Muito ouvi também, sobre o rumo de seus filhos, mas relatos outros me afirmaram, e comprovei que, eles não foram mesmo criados por Lombrunj, mas sim mandados para orfanatos em outras cidades de não-Quoigs. Isto sim pode ser considerado uma punição severa para tais crianças. Pois todos sabemos da reputação dos Quoigs em nossa terra, e poucos são os confiáveis.
Por último, sabemos de suas passagens então por Lumina em todo aquele alvoroço narrado pela Guilda da Informagia.
Claro que vocês devem se perguntar, e até afirmar, que é impossível haver um sujeito altruísta, dotado de boas intenções (ainda mais sendo um homem sapo), possuir poderes tais de um passado tão impressionante. Mas a verdade que vos segue é esta. Kwon fez seu caminho até se tornar um mestre reconhecidamente Dragão nas artes de combate. Muitos dizem que foi a convivência com aquele Elfo que o tornou assim. Mas seu parente, assim como seu histórico e os fatos ocorridos em nossa cidade, comprovam que este Quoig tornou-se por mérito próprio, uma Lenda.

Tudo isso segue e preenche uma grande lacuna de minha curiosidade, pois estou no caminho certo de encontrá-lo. Preciso encontrá-lo. Só assim poderei seguir o verdadeiro caminho do guerreiro, que em nossa cidade já fora deturpado à séculos.

Um grande abraço. E mande um beijo para sua mulher. De seu sempre amigo

Yannir Himagor

This entry was posted on abril 23, 2009 at quinta-feira, abril 23, 2009 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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